quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Registro reflexivo - Relato, Conferência Internacional 2014



As crianças são elaboradoras de cultura, portadoras de olhares que podem transformar a cidade onde vivem;

A história poderá ser mudada se nos apropriarmos dela começando pelas crianças;

Uma escola que foi pensada para dar cidadania às crianças e as suas famílias;

Lugar de encontro, participação e troca; 

A educação como um bem permitindo o desenvolvimento de todos; 

Escola diferente, de qualidade, que assegurasse a imagem de criança e de ser humano com direito a felicidade, investigativa, de corpo inteiro e constituinte de conhecimento na relação com o outro;

Os ambientes precisam estar integrados aos processos educativos; 

Os adultos tiram as crianças da invisibilidade, tornando-as produtoras de conhecimento.
 

Meu registro reflexivo poderia enumerar várias frases que anotei da Conferência Internacional da RedSolareBrasil “Diálogos entre Cidade e Escola”, mas o que de fato marcou para mim foi a atitude. A atitude: de quem escolheu as fotos para apresentar no painel, de quem fez a inscrição, de quem nos recebeu, de quem escolheu os saborosos alimentos, de quem falou com a alma na exposição de um trabalho de vida.

Não nos basta assistir a uma conferência sem que a atitude fique expressa nos fazeres. Ouvimos muito, mas, além disso, presenciamos a atitude de amorosidade, de respeito, de compromisso. “Vi, vivi e revivi”. Vi-me criança, vivi momento de reflexão e aprofundamento sobre a infância, revivi minha própria infância e construí sentido sobre meus próprios fazeres. 

Fui tocada e isso é o que de fato importa. Firmei meu olhar sobre a criança e a imagem que tenho sobre minha própria infância determinando o educador que sou. Refleti sobre as concepções que ao longo do tempo trouxeram à sociedade, um aspecto distorcido sobre a infância - tábula rasa sem nenhum conhecimento, anjo desprovido de qualquer sentimento negativo, precoce em suas habilidades e competências – e a importância da escuta, da investigação e do aprender. 

O alimento, servido em abundância, me impossibilitou de almoçar e o tempo aproveitado para assistir ao documentário “Tarja Branca – assisti na íntegra - ampliou minha percepção sobre tudo o que havia ouvido e visto até então”. A introspecção causada pelas imagens levou-me a constatação da importância da inteireza do humano, de sua possibilidade e necessidade de se comunicar e dar sentido sobre o que vê e toca.

Afirmou minha identidade histórica que constrói cultura e que luta por sua autonomia moral e intelectual materializada no fazer, no trabalho. Um ser que se organiza na convivência com o outro e que se expressa através da arte e suas representações. 

A Conferência trouxe a assertiva de minha atuação na luta por uma educação de qualidade para a primeira infância. Confirmou minha tese de que a função social da escola somente estará assegurada quando propiciarmos às crianças possibilidade de autoria, vivência, experiência, contato, representatividade, expressividade e relacionamento. 


CLEIDE CABRAL ALVARES
Colégio Nacional
Uberlândia