sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Um diálogo com a Abordagem Reggiana


*Josiane Del Corso

Viajar para Reggio Emilia e conhecer o trabalho desenvolvido nas escola públicas parecia um sonho, realizá-lo foi muito gratificante.

Chegamos em Reggio Emilia num domingo de carnaval, muito frio, muita vontade de conhecer a cidade das melhores escolas públicas infantis do mundo.
Caminhamos por Reggio numa tarde de domingo, o diálogo entre a paisagem medieval e o contemporânea me fascinou.
Chegamos à lendária Praça do Leão, cenário de documentações pedagógicas vistas no Brasil agora estavam a nossa frente.
Ver as crianças brincando na Praça do Leão com suas famílias foi muito interessante, perceber o quanto usufruem de sua cidade de seus espaços públicos e de sua cultura.
Reggio transpira Arte, e sua cultura revela-se em cada parte da linda cidade.
Durante uma semana adentrei em reflexões mil:
"Escola como espaço que produz cultura”
“A Escola dá identidade a comunidade”
“Cuidar da infância é tarefas de todos”
A imagem de infância que eu até então tinha começou a ganhar contornos mais amplos e comprometidos, percebia a cada encontro o quanto é possível fazer uma escola pública de qualidade.
O diálogo entre as linguagens, entre as crianças, entre os educadores, entre os pais, entre os políticos... Dialogar é sair misturado com as idéias do outro, é pensar juntos, pensamentos que se conhece, se descobrem e que caminham para o bem estar coletivo.
A forma como comunicam as aprendizagens das crianças revela o valor que dão ao pensamento infantil, a sua produção, cada detalhe, cada registro, cada documentação carregadas de conhecimento, de afeto, de compromisso com o outro, com as crianças, com a natureza... com a vida!
Perceber a seriedade do trabalho pedagógico desenvolvido pelas escola públicas Reggianas me fascinou, me deixou aquecida para pensar em muitas formas de aproveitar todo aquele conhecimento na minha prática, na minha vida de educadora, coordenadora de Educação Infantil.
Foi uma experiência única que deixou gosto de quero mais!

*Coordenadora Pedagógica Escola Projeto Vida – SP - SP


terça-feira, 24 de novembro de 2009

Descobrindo a infância




*Thaís Bonini

Fui a Reggio Emilia em fevereiro de 2009, a trabalho. Sou tradutora e intérprete da língua italiana e tive a belíssima oportunidade de ter sido convidada a acompanhar o grupo de estudos do Brasil, para auxiliar no intercâmbio linguístico entre os dois paîses, através de traduções simultâneas e consecutivas.

Inicialmente, acreditei que seria um trabalho importante para a minha carreira, mas depois vi que tal trabalho mudaria minha vida e minha maneira de enxergar a infância. Conheci Reggio Emilia, visitei escolas, traduzi palavras verdadeiras, presenciei outra maneira de se ver - através do olhar de uma criança. A cidade respira educação, respeito à infância, vontade de realizar, graças às mães do final da Segunda Guerra Mundial, heroínas visionárias, que tiveram a consciência de que só é possível transformar e reconstruir através da educação.
O trabalho foi ótimo. No decorrer de uma semana, convivi com pessoas fantásticas do Brasil, do México e da Itália. Pessoas que, acima de tudo, têm a tal vontade de realizar, de aprimorar o seu trabalho, de dialogar com outras realidades, de vivenciar algo novo e tentar adequá-lo à realidade de seu próprio país, sempre visando e lutando pelo direito à infância, ao qual todas as crianças do mundo deveriam ter acesso.
Algumas percepções tiveram um impacto muito grande sobre mim. Uma delas foi a participação e interesse dos pais no processo educativo de seus filhos. Uma das mães, durante a apresentação de Marília Dourado e Luciana Balbino sobre o sistema educacional brasileiro, ficou surpresa pelo fato de que, em nosso país, a criança que vai a escola é educada para competir. Desde pequena, ela deve estudar nos melhores colégios, tirar as melhores notas, estudar uma língua estrangeira, para passar no Vestibular, ingressar numa boa universidade e ter um lugar reservado no mercado de trabalho. A mesma mãe salientou que a única coisa que ela espera para o seu filho é que ele seja feliz, que as suas habilidades e a sua criatividade sejam estimuladas e não importa o que ele decida fazer no futuro, o importante é se encontrar, é estar realizado.
Em Reggio Emilia, a criança é um artista. Ela cria, ela observa, ela faz. O estímulo que parte dos adultos, tem seu fundamento numa curiosidade ou numa idéia lançada pela criança. Isto nos foi muito bem explicado por Lanfranco, atelierista da Escola Paulo Freire, que, naquele momento, estava trabalhando com as crianças nos bancos do jardim externo à escola, pertencente ao município. Uma das crianças lançou a idéia de que os bancos do jardim estavam velhos e feios. A partir daí, resolveram fazer um projeto arquitetônico de novos bancos. Foram até o jardim, sentaram-se, deitaram-se, sentiram os bancos. Depois, com argila, cada criança começou a criar o seu banco. Surigiram bancos fantásticos, em forma de dinossauro e de animais vários. Então, o projeto foi levado até a Prefeitura, que iria mandar produzir os novos bancos, criados pelas crianças, para substituirem os velhos e feios.
Foi também muito emocionante a palestra que traduzi de Carla Rinaldi, sobre a Pedagogia da Escuta. Suas palavras foram, ao mesmo tempo, de uma verdade, uma lucidez e uma emoção tão grandes, que não consegui conter a minha emoção durante a tradução simultânea. Em palavras breves, a criança já nasce com o seu potencial de criação, de descoberta do mundo e de socialização com o outro. Ela é forte, é potente, é capaz. Cabe a nós, adultos, sabermos escutar o que ela tem a dizer, estimular as suas curiosidades, auxiliá-la em suas descobertas. A escola dá a ferramenta, a criança encontra os diversos significados e sentidos para o mundo em que vive e para o seu próprio mundo.
Muitos foram os momentos de descoberta e de aprendizagem durante a viagem a Reggio. A partir daí, decidi participar mais ativamente no sentido de ajudar a transformar o sistema educacional de meu país. Pretendo estudar Pedagogia e me aprimorar sempre mais nas práticas regianas. Agradeço a Marília Dourado por ter me apresentado às idéias de Loris Malaguzzi e por ter me dado a oportunidade de trabalhar em Reggio. Agradeço também a Deus por ter-me aberto as portas para uma nova conscientização, já que, por ser mãe, exerço uma função muito importante: a de educadora.





*Tradutora-Intérprete de Italiano
Diretora da Conexão Idiomas – Assessoria Linguística em Salvador/BA

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Relato de uma viagem : Reggio Emillia



*Luciana Balbino


Chegamos em Reggio Emilia dia 22 de fevereiro ,em pleno carnaval.As crianças brincavam fantasiadas com suas famílias em um clima de muita alegria e ludicidade.Assistiam nas praças peças teatrais e exerciam jogos livres nas ruas com outros pequenos companheiros.
Conhecendo,estudando, viajando e dialogando juntos em Reggio Emilia em fevereiro de 2009, com educadoras, artistas, gestores e consultores educacionais da América Latina através da RedSolare Brasil,foi uma incrível oportunidade de dialogar com uma cidade educadora, que acredita nas infinitas potencialidades expressivas das crianças.
Presenciamos a inauguração do Centro Internacional de Estudos e Pesquisas Loris Malaguzzi. Estávamos lá em pleno aniversário de Loris Malaguzzii!!!
O Centro Internazionale Loris Malaguzzi impressiona pelos seus propósitos, pela sua estrutura física.Espaço este que abriga o Ateliê Raggio di Luce que possibilita pesquisas interativas com a cidade e visitantes.
A semana de estudos em Reggio possibilitou observar o investimento da Prefeitura ,o compromisso dos professores e das famílias com a construção de uma escola para a primeira infância pública e de qualidade que respeite e aproxima-se da cultura da infância.
Uns dos momentos mais esperados por mim foi a visita às escolas.Visitamos duas: a Salvador Allende e a Paulo Freire.Lindas, aconchegantes e que revelam suas práxis através de uma rica e vasta documentação dos projetos e processos em andamento com as crianças.Ao chegarmos a Paulo Freire,encontramos na entrada da escola instrumentos musicais afro-brasileiros como também livros de Monteiro Lobato.
As pesquisas realizadas no ateliê desta escola dialogava com a Arte Ambiental e Contemporânea .As crianças estavam envolvidas em um projeto de construção de bancos para uma praça pública, com um designer muito criativo.
Em quase todas as palestras as Pedagogistas , Atelieristas citaram o nome do nosso querido e inesquecível Paulo Freire, o encontro dele com Loris Malaguzzi.
Participei de uma noite muito especial junto a representante da RedSolare Brasil, Marilia Dourado, e com dezenas de mães, pais e gestores da Escola Coperativada Baudduco, para um diálogo sobre a a Educação na América Latina.Tive a oportunidade de falar sobre a minha experiência como atelierista no Centro Municipal de Educação Cid Passos em Salvador, fomos muito aplaudidas!
Enceramos o ciclo de debate com os Pedagogistas, Atelierista de Reggio Emilia, escutando Carla Renaldi com uma palestra sobre a Pedagogia da Escuta: simplesmente maravilhosa!!!Tirando lágimas de nossos olhos de tanta emoção!!
Para finalizar este intercâmbio tão intenso, as Vozes da América Latina foram ouvidas com relatos de projetos inspiradores que nos fortaleceram a continuar trilhar um caminho onde as crianças possam reencontrar o caminho da infância, cheios de quintais invencionáticos....



*Luciana Balbino é atriz, arte-educadora e professora da Rede Municipal de Educação de Salvador - Bahia


sábado, 21 de novembro de 2009

Crianças infinitas... Fotografias de crianças angolanas



*Marilia Dourado


Olhares por trás de lente, visões do universo, do mundo infantil, do ser criança, da VIDA. Nasce uma investigação ,uma multiplicidade de formas, expressões e linguagens, como elementos para o exercício de um fazer criativo coletivo. A fotografia é um fio condutor para reflexão sobre as potencialidades das crianças e as questões políticas, éticas e estéticas que marcam esta fase da vida.
Olhe, veja, encontre um ponto, mire... vá fundo, vá além e com a alma infantil, descubra as múltiplas infâncias que correm de um lado a outro, a vida pelo mundo afora... pela América Latina, por diferentes partes do grande Brasil, pelo mundo sem fim...




* Representante Nacional da RedSOLARE Brasil - Texto escrito para a exposição de fotos no 3º Seminário Internacional de Educação Infantil.


quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Um olhar sobre a abordagem educacional de Reggio Emilia






*Alessandra Latalisa de Sá




Na Escola Balão Vermelho, seguimos há vários anos estudando e criando alternativas didáticas baseadas na abordagem educacional de Reggio Emilia. Como deve ser, ancoramo-nos em nosso contexto, em nossa história pedagógica, para renovar e criar novas possibilidades, num processo contínuo e singular de exploração, pesquisa e experimentação; portanto não se trata de uma transposição direta e sim de um esforço intenso e coletivo de interpretação e criação, visto que temos diferenças socioculturais e institucionais.
De 23 a 27 de fevereiro deste ano, em Reggio Emilia, na Itália, participei do grupo de estudos denominado “Diálogo sobre a educação”, organizado por RedSOLARE para América Latina. Estiveram lá cerca de 40 participantes, entre mexicanos, argentinos, colombianos e brasileiros, estudando, debatendo, encantando-se, participando daquela experiência.
Foi surpreendente estar em Reggio Emilia, acompanhando o trabalho inspirado pela obra pedagógica de Loris Malaguzzi e as atividades pedagógicas dos centros de infância e pré-escolas daquela municipalidade – antes vistos por meio de leituras, debates, trocas de relatos, experiências e imagens. Nas escolas de lá, a arquitetura, o ambiente, a documentação, as interações, a movimentação dos educadores evidenciam, com coerência, estética e beleza, a abordagem educacional.
Sobre essa experiência, proferi no Seminário Temático do curso de Pedagogia intitulado Abordagem Reggio Emilia (Itália) e Proposições Curriculares para Educação Infantil em BH: um debate possível, realizado no dia 28/03/09, na Universidade FUMEC, o qual também contou com palestra ministrada pela professora convidada Mayrce Terezinha da Silva Freitas, pedagoga e gerente de coordenação da Educação Infantil da Secretaria Municipal de Educação de Belo Horizonte (SMED/BH), que apresentou a experiência de parceria entre a SMED/BH e uma ONG de Reggio Emila.

Outro desdobramento foi transformação de parte dessa experiência em artigo que em breve será publicado. Para sua produção, contei com as anotações que fiz das palestras que assisti, as observações e imagens registradas e os estudos realizados na Escola Balão Vermelho. Inicio com apresentação geográfica e histórica da região de Reggio Emilia e contextualização da origem de suas escolas; o percurso dessas escolas e a organização no atendimento às crianças; e caracterização de alguns pontos principais da abordagem educacional de Reggio Emilia. Por fim, exposição de alguns dos aspectos observados nas visitas guiadas às Scuola Nido Salvador Allende e Scuola Dell’infanzia Comunale Paulo Freire.
Continuamos investindo na compreensão e apropriação de abordagem tão rica, que constitui excelente alternativa para melhoria da qualidade da educação infantil em nosso Município.




*Pedagoga, professora do Curso de Pedagogia da FCH/FUMEC e coordenadora da Educação Infantil da Escola Balão Vermelho- BH.

domingo, 8 de novembro de 2009

REGGIO EMILIA: UMA VIAGEM SEM FIM


 




*Ronnie Corazza






“Não existe uma identidade forte se não existe memória.” ( Mirella)


      Era mais ou menos assim que tudo começava nas histórias: Era uma vez... E assim se seguia a trajetória dos personagens, dos lugares, das palavras, da imaginação, dos sonhos...
Reggio Emmilia é como uma historia viva num tempo presente, de um tempo passado pra um tempo futuro.    
   O que vemos são crianças ouvidas o tempo todo, professores, atelielistas, pais, merendeiras, auxiliares, pedagogos e comunidade conversando e interagindo sobre o que se escuta e o que se vê. Nada é estático, tudo é vivo e presente na memória, na documentação que registra todos os passos do aprendizado da criança.
     A escola é concebida como ambiente de vida, onde o real não é deixado pra fora e sim algo que pode e deve ser considerado nas relações de aprendizagem. O tempo é trabalhado com muita calma , o tempo todo. Eu penso que os conteúdos estão presentes no ambiente, com variáveis de tempos, espaços, formas, imagens, cores e sons que constituem os saberes, nos projetos trabalhados, nos documentos, nos desenhos.  
     E nisso tudo há uma autonomia das crianças. O professor é um escutador, é um comunicador nesta relação de aprendizagem lúdica no ambiente e seus espaços de construções de conhecimentos possíveis.
      Nesse contexto a Arte é um viez que não se dá pelos conteúdos mas os conteúdos se dão por esse viez: pela arte que pesquisa , promove fases do desenvolvimento, reflexão e possibilidades no ateliê. A figura do atelêlista é importante para isso pois é um condutor dessas possíveis manifestações expressivas da infância que ao longo do processo vai envolvendo além das crianças todos os outros que compõem este lugar mágico que possibilita tranformações humanas e dos materiais, dando cotidianamente novos significados. E para isso toda escola é um ateliê, para realizações das atividades e dessa expressões artísticas. Cada sala tem um mini ateliê, que possui uma diversidade de material, sucatas, imagens, livros de arte, argila, folhas, cascas de árvores, sementes, possibilitando uma produção artística de informação. O que chama bastante atenção são os desenhos, pois não importa o lugar no mundo , o processo se dá da mesma forma em relação as fases da escrita que vão levar naturalmente as crianças formularem suas hipóteses, levando-as a alfabetização.
       A expressão não é limitada a este espaço. Não é preciso que haja a presença do atelelista para que haja expressões, a professora conduz os projetos pois ela também é parte do projeto pedagógico das escolas de Reggio.
      Dentro deste trabalho artístico, educativo e cultural existe um conceito de que lixo não é puramente sucata, e sim matéria prima de construção de conhecimento para expressão artística da infância , essa idéia é partilhada por todos os envolvidos: pais , crianças, educadores. Tudo tem significado, assumem como importante e difundem. Objetos são transformados e obtém uma nova identidade, que é modelada pela fantasia e pelo olhar das crianças que acabam comunicando isso para as famílias, promovendo um pacto pela infância entre família, escola, comunidade e a própria criança no desenvolvimento infantil e na construção dos saberes necessários para a vida.
       O ambiente pode apoiar o projeto didático mas também tolher. Nas escolas e creches há presença do verde, as atividades não são para todos, as crianças tem a liberdade de escolha. Existem diferentes propostas de trabalho. A professora não é fixa, presa. Estão interessados que as crianças representem no desenho a sua idéia e não modelos prontos, mas também a sua memória em relação a determinadas coisas, seres, objetos, neste processo o conhecimento é elaborado com as crianças no diálogo sobre o vivenciado.    
    Assim se torna impossível criar desenhos iguais. As crianças escolhem o material permitindo vários testes de desenho para perceberem o processo e fazem suas escolhas criativas para o desenvolvimento de suas produções coletivas ou individuais.
    Existe uma preocupação estética muito grande dos gestores, educadores, crianças, pais em relação aos espaços, mas será que esses atores partem de um caos criativos, de uma possibilidade expressiva de liberdade? Fica claro um conceito de belo, porém será que é um belo que passa pela experiência do feio, do desorganizado, da bagunça que constrói possibilidades? O caos criativo de reinventar suas ações e sensações para que não se feche em idéias de exatidão? Embora seja aconchegante estar nesses espaços das escolas de Reggio, parece que não estiveram crianças nos espaços e tempos permitidos da creche e da escola de educação infantil, como por exemplo o cheiro do shampoo, as peças de brinquedos misturadas, a tinta borrada, enfim aquilo tudo que evidência a vida corrente, o tempo , o som, o certo ou errado, ou seja a possibilidade de experimentar num todo , crianças, pais e educadores sem formatar ou fechar ou simplesmente por o ponto final na infinita oportunidade de conhecer o mundo com e através da infância, com todas a sua pluralidade.
     A cópia metodológica qualquer que seja nos tolhe a possibilidade de construir um projeto pedagógico com vários olhares, sem caminhos fechados, mas trilhados a partir de uma infância recheada de possibilidades artísticas, humanas, verdadeiras que ao longo da jornada vai construindo saberes, formulando idéias e conceitos, acertando e errando mas juntos, educador, pais e crianças podendo direcionar e redirecionar as possibilidades de aprender em tudo, com todos e em qualquer lugar.
     Penso que cada cultura alimentada por suas experiências, seus pensadores, ou outros pensadores devem chegar a uma concepção e prática pedagógica condizente às suas realidades, porém que respondam a cultura produzida pela informação com ética e respeito, e sobretudo que venham a promover conhecimentos plurais para a criança, para o professor, para a escola, para os pais e comunidade. Assim construiremos um ambiente educativo de vida que produz conhecimentos contínuos em todas as áreas a todo momento em qualquer lugar com todas as pessoas participantes desta ação.
      Para isso temos que ter cuidado com os modismos pedagógicos, dormimos construtivistas e acordamos reginianos e a tarde somos frenetianos ou piagetianos. E a criança e a infância onde e como fica com tudo isto ? A proposta de Reggio não é de exportar modelos mas nos apresentar uma forma que foi construída ao longo de uma experiência que nos possibilita reflexões e novos olhares sobre as nossas práticas. E além disso nos faz pensar em cada canto do nosso país com tantas práticas educativas e culturais, que em potencial tem dado tantos resultados quantitativos e qualitativos, porém nos falta o viez, a costura desta rede possível de transformação social e educacional para a construção de uma cidadania e de uma prática pedagógica condizente as nossas realidades e aos quereres e saberes de nossas crianças que tanto conhecimento produzem, só nos falta as vezes promover o protagonismo de uma educação que pode ser plural: professor, educador, crianças, pais e comunidades.
      Assim como as histórias de Reggio Emilia esta não tem fim e a nossa continua sob uma ótica de que escutar as crianças é primordial, registrar e partilhar é fundamental para criarmos olhares diferentes de uma história que temos a possibilidade de fazer sempre melhor e com uma diversidade de cores, sons, espaços internos e externos, novos lugares pra educar e transformar...





*Ronnie Corazza
Arte-educador
Santo André - SP



sábado, 7 de novembro de 2009

Um pequeno relato de uma grande experiência: estar em Reggio Emília....



Luciana Ribeiro Guimarães




Bom, falar sobre a experiência de Reggio é falar da colheita de muitos, muitos desejos plantados e fartamente colhidos

Tive a oportunidade de estar lá em maio de 2007 e foi uma profunda experiência... de inquietude, de interrogações, de encantamentos, de descobertas, de verificações, de constatações saborosas sobre o que é ser ESCOLA e, sobretudo, de estudos. Estudos estes que no decorrer do tempo têm ocupado o espaço das alavancas que nos impulsionam (nos projetam, nos põem na experiência da “projetação”, será?) continuamente e em busca do encontro com a valorização da INFÂNCIA.
Acredito que em Reggio Emília, mais do que compreender o que lá acontece, é possível, essencialmente, mergulhar na proposta de uma educação comprometida com o tempo da infância. Lá a todos é permitido acesso e a todos é garantido o sucesso. Que é único, próprio de cada um. As particularidades são reverenciadas e o coletivo se torna uma construção assumida por todos.
No encontro com os educadores, com as crianças e com os espaços a educação responsável se faz presente de maneira extremamente comprometida onde, família e escola, encontram seu valor e interdependência.
Para nós, visitantes, a escuta atenta se faz uma constante sem mesmo que a gente perceba. Os espaços convidam, os relatos seduzem e a memória daquele lugar se torna algo impossível de não retornar...
Mas quando é chegada a hora do fim daquele tempo, da estada com todos, do distanciamento das escolas e da volta pra casa a inspiração reggiana nos acompanha, permanece em nós, soprando nos ouvidos, a sensação de que todos somos capazes, se desejosos e incansáveis na luta de permitir que a vida adentre também os muros das escolas e infâncias brasileiras que tanto nos pedem por dias melhores.



Luciana Ribeiro Guimarães
Psicóloga e Consultora educacional
Uberlândia - MG

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Um universo possível!!!!


*Glaucia Fischer
A Reggio Emilia pra mim, foi um contato com o universo possível!


Quando pela primeira vez, me deparei com o trabalho desenvolvido lá, vi nele que, o que eu havia imaginado já existia!!!

As creches tão bem estruturadas, o carinho dos profissionais, o envolvimento dos pais, a dedicação de todos os envolvidos, do arquiteto ao fornecedor. Claro que as pequenas pedras aparecem no meio do caminho, mas delas se fazem os materiais de pesquisa...

O privilégio de estar vivendo a sensação de sonhar acordada é indescritível! Minha experiência tem um alto grau de felicidade pessoal, pois nela eu me vi vivendo a vida de uma forma diferente: retomando minha individualidade, refazendo meu intelecto, me apropriando da minha própria vida e acreditando nela; me certificando de que NUNCA, mas nunca mesmo podemos desistir de nossos sonhos. Havendo passado há pouco, por algumas situações complicadas, enxerguei na filosofia de Loris Malaguzzi um brilho pra lá de luminoso, ao qual me agarrei e me identifiquei... Pra quem posso, falo : "É possível! A arte como grande mestra da educação!"

Cada qual em sua realidade e em seu momento; mas nem a carência financeira, tampouco a falta de espaço impedem o desenvolvimento de uma grande intenção. Ouso em acrescentar que podemos fazer ainda melhor, a mesma falta de condições nos favorece no quisito "criatividade" - Ah! Isso o brasileiro tem de sobra - " A arte de viver!"




*Glaucia Fischer
Arquiteta
Arte-educadora
Campinas – São Paulo