sábado, 25 de setembro de 2010

Navegando em parceria, olhares e impressões.

A equipe da Escola Navegantes está em constante estudo, se debruçando sobre obras magníficas. Os pressupostos piaggetianos, as contribuições de Vygotsky e o sociointeiracionismo, Wallon e o trabalho com o âmbito afetivo, Maria Carmen Barbosa com sua propriedade inquestionável ao nos falar na integra sobre o trabalho com os projetos pedagógicos, Emilia Ferreiro com suas contribuições a cerca da psicogênese da língua escrita e muitos outros autores e filósofos sustentam nossa práxis com seus posicionamentos frente à Educação. Estamos, então, diante de uma riqueza sem igual e queremos beneficiar as crianças levando em consideração as teorias estudas, em contexto, dentro da sala de aula.

Nós, Morgana Neves e Mônica Galvão, estamos à frente do acompanhamento pedagógico da Escola Navegantes e chegamos a Salvador com olhares de educadoras ansiosas, questionadoras, pesquisadoras. Estarmos em diálogo com outros educadores, vislumbrar ambientes institucionais sendo planejados com tanto zelo, muito nos alegrou. Ensaiamos por muito tempo a viagem a Salvador e não tínhamos idéia do quanto seria proveitoso irmos até lá.

Ao travarmos diálogos e estarmos respirando ares de escolas tão comprometidas em exercer na íntegra a pedagogia da escuta, descobrimos o quanto precisamos quebrar paradigmas, vislumbrar a escola e a sala de aula enquanto um grande laboratório e alcançar a sublime forma das crianças serem e estarem no mundo, tarefa que exige sensibilidade e uma visão muito apurada.

Deparamos-nos com esse jeito de fazer educação ao participarmos de uma apresentação da Escola Cid Passos onde nos deliciamos com a exposição do roteiro de viagem das educadoras que foram conhecer as Escolas de Reggio Emilia. Em cada expressão, em cada olhar, viajamos com elas, por meio da emoção que emanava de suas falas.

Chamou-nos muita atenção um dado momento da apresentação no qual as educadoras disseram que não se deve tentar reproduzir mobiliários ou projetos reggianos, mas sim valorizar elementos da nossa cultura. Fantástico!! Nossas crianças, nossa terra, nossas tradições, nossas idéias precisam de espaço, precisam ser valorizadas e reconhecidas.


A visita a Escola Cid Passos despertou sentimentos diversos e mostrou-nos grandes contradições: uma escola vizinha do oceano, um espaço físico comprometido, salas de aulas que exalavam empenho e dedicação. Ficamos aqui pensando em nossa cidade, algumas de nossas escolas públicas são melhores estruturadas mas, será que nossos educadores das escolas públicas têm aquele brilho nos olhos dos educadores da Cid Passos?
Observamos que os profissionais das escolas visitadas, tanto da Cid Passos quanto da Escola Nossa Nova Infância, se encontram em um estado permanente de desequilibração e reequilibração, o que é muito bonito de se ver. Profissionais engajados em realmente fazer valer a voz das crianças, valorizar suas obras, construir conhecimentos a partir dos interesses das mesmas, envolver a comunidade em seu projeto político pedagógico.

É por isso tudo que voltamos para Uberlândia acreditando que este jeito de fazer Educação pode e deve povoar as nossas cabeças e corações e convidar cada educador a fazer a diferença.



Morgana Pereira Neves – coordenadora pedagógica da Escola Navegantes.
Mônica Galvão Lopes – Diretora Pedagógica da Escola Navegantes.